INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NO BRASIL E REGIÕES: IMPACTO DA PANDEMIA DA COVID-19 NA TAXA DE MORTALIDADE E HOSPITALIZAÇÕES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7447/1678-0493.2021v1n42p76-86

Palavras-chave:

COVID-19, Mortalidade, Infarto do Miocárdio

Resumo

Dentre as doenças cardiovasculares, o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) apresenta os maiores índices de morbimortalidade no Brasil e no mundo. Com o advento da pandemia de COVID-19, acredita-se que o isolamento social e as modificações na organização e funcionamento dos sistemas de saúde tenham impactado nos atendimentos cardiológicos. Assim, esse estudo se propõe a analisar o impacto da pandemia de COVID-19 nos internamentos e na taxa de mortalidade por IAM no Brasil e em suas regiões. Trata-se de estudo ecológico, realizado pelos Sistemas de Informações Hospitalares e de Informações sobre Mortalidade. Foram analisadas variáveis sociodemográficas e epidemiológicas, internamentos, óbitos e taxa de mortalidade, nos anos de 2019 e 2020. No Brasil, em 2019, foram internados 132.173 pacientes por IAM, dos quais 52,0% foram a óbito. Em 2020, registrou-se 118.372 internamentos e 21,5% de óbitos por IAM, refletindo em queda da proporção de internamentos e óbitos (10,4% e 58,7%, respectivamente). Em ambos os anos, observou-se maior prevalência entre homens (59,1% e 60,1%), idosos (78,0% e 77,9%), brancos (48,7% e 53,2%) cujo atendimento aconteceu em caráter de urgência (95,7% e 95,2%). A taxa de mortalidade mostrou-se superior em 2019 quando comparada a 2020 (48,8 versus 18,0, p<0,001). Durante a pandemia de COVID-19, no Brasil, houve redução dos internamentos por IAM, sem alteração no perfil sociodemográfico e epidemiológico dos pacientes que foram a óbito, sendo estes mais prevalentes entre homens, idosos, brancos, atendidos em caráter de urgência, residentes na região Sudeste do país. Além disso, evidenciou-se expressiva queda na taxa de mortalidade.

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Publicado

2021-12-13